Um corpo encontra-se sobre um plano inclinado de um ângulo α com a horizontal. Para movê-lo para cima
é necessária uma força paralela à superfície inclinada cuja intensidade mínima é
F1, e
para evitar seu deslizamento para baixo é necessária uma força de intensidade mínima
F2,
também paralela ao declive. Sendo
F1=2
F2, calcular o coeficiente de
atrito entre o corpo e o plano.
Dados do problema:
- Ângulo de inclinação do plano: α;
- Força necessária para fazer o corpo subir: F1;
- Força necessária para impedir o corpo de descer: F2.
Esquema do problema:
Consideramos que o corpo ainda não está se movendo, na primeira situação, quando a força
F1
é aplicada, o corpo está na iminência de subir (não confundir iminência com eminência). Devido à força
aplicada o corpo atua no plano e o plano reage com a força de atrito de intensidade
Fat,
como o corpo está prestes a subir a força de atrito tem sentido contrário do movimento, para baixo na direção
do plano (Figura 1-A).
Na segunda situação quando a força
F2 é aplicada o corpo está na iminência de descer.
Devido à força aplicada atua no plano e o plano reage com a força de atrito de intensidade
Fat como o corpo está prestes a descer a força de atrito tem sentido contrário do
movimento, para cima na direção do plano (Figura 1-B).
Solução
Isolamos o corpo e pesquisamos as forças que atuam nele.
Adotamos um sistema de referência com o eixo-
x paralelo ao plano e com sentido ascendente e o
eixo-
y para cima perpendicular ao plano.
Corpo na iminência de subir (Figura 2-A)
- \( {\vec F}_{1} \): força aplicada ao corpo;
- \( {\vec F}_{at} \): força de atrito entre o corpo e o plano;
- \( \vec{P} \): força peso;
- \( \vec{N} \): força normal de reação do plano sobre o corpo.
A força peso
\( \vec{P} \)
pode ser decomposta em duas componentes, uma componente paralela
\( {\vec P}_{P} \)
ao eixo-
x e a outra normal ou perpendicular
\( {\vec P}_{N} \).
No triângulo à esquerda na Figura 2-B vemos que a força peso é perpendicular ao plano horizontal, forma um
ângulo de 90°, o ângulo entre o plano inclinado e o plano horizontal é igual á α, o ângulo entre a
força peso e a componente paralela será β, como os ângulos internos de um triângulo devem somar 180°
\[
\begin{gather}
\alpha +\beta +90°=180°\Rightarrow \alpha=180°-90°-\alpha \Rightarrow \alpha=90°-\alpha
\end{gather}
\]
No triângulo à direita temos que a componente normal faz com o plano inclinado um ângulo de 90°,
então o ângulo entre a força peso e a componente normal deve medir α, é um ângulo complementar.
Desenhando as forças num sistema de eixos coordenados
xy podemos aplicar a condição de equilíbrio
\[
\begin{gather}
\bbox[#99CCFF,10px]
{\sum F=0} \tag{I}
\end{gather}
\]
Direção
x:
\[
\begin{gather}
F_{1}-P_{P}-F_{at}=0 \tag{II}
\end{gather}
\]
a componente paralela da força peso e a força de atrito são dadas por
\[
\begin{gather}
P_{P}=P\operatorname{sen}\alpha \tag{III}
\end{gather}
\]
\[
\begin{gather}
F_{at}=\mu N \tag{IV}
\end{gather}
\]
onde μ é o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano, substituindo estas expressões na expressão (II)
\[
\begin{gather}
F_{1}-P\operatorname{sen}\alpha -\mu N=0 \tag{V}
\end{gather}
\]
Direção
y:
\[
\begin{gather}
N-P_{N}=0 \tag{VI}
\end{gather}
\]
a componente normal da força peso é dada por
\[
\begin{gather}
P_{N}=P\cos \alpha \tag{VII}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (VII) na expressão (VI)
\[
\begin{gather}
N-P\cos \alpha =0\\[5pt]
N=P\cos \alpha\tag{VIII}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (VIII) na expressão (V)
\[
\begin{gather}
F_{1}-P\operatorname{sen}\alpha -\mu P\cos \alpha=0\\[5pt]
F_{1}=P\operatorname{sen}\alpha +\mu P\cos \alpha\\[5pt]
F_{1}=P(\operatorname{sen}\alpha +\mu \cos \alpha ) \tag{IX}
\end{gather}
\]
Corpo na iminência de descer (Figura 3-A)
- \( {\vec F}_{2} \): força aplicada ao corpo;
- \( {\vec F}_{at} \): força de atrito entre o corpo e o plano;
- \( \vec{P} \): força peso;
- \( \vec{N} \): força normal de reação do plano sobre o corpo.
A força peso pode ser decomposta da mesma maneira mostrada na Figura 2-B.
Desenhando as forças num sistema de eixos coordenados
xy podemos aplicar a condição de equilíbrio (I)
Direção
x:
\[
\begin{gather}
F_{2}+F_{at}-P_{P}=0 \tag{X}
\end{gather}
\]
substituindo as expressões (III) e (IV) na expressão (X)
\[
\begin{gather}
F_{2}+\mu N-P\operatorname{sen}\alpha =0 \tag{XI}
\end{gather}
\]
Direção
y:
\[
\begin{gather}
N-P_{N}=0 \tag{XII}
\end{gather}
\]
a componente normal da força peso é dada por
\[
\begin{gather}
P_{N}=P\cos \alpha
\end{gather}
\]
substituindo na expressão (XII)
\[
\begin{gather}
N-P\cos \alpha =0\\[5pt]
N=P\cos \alpha \tag{XIII}
\end{gather}
\]
substituindo a expressão (XIII) na expressão (XI)
\[
\begin{gather}
F_{2}+\mu P\cos \alpha -P\operatorname{sen}\alpha=0\\[5pt]
F_{2}=P\operatorname{sen}\alpha -\mu P\cos \alpha\\[5pt]
F_{2}=P(\operatorname{sen}\alpha -\mu \cos \alpha) \tag{XIV}
\end{gather}
\]
Usando a condição dada no problema,
\( F_{1}=2F_{2} \),
substituímos as expressões (IX) e (XIV)
\[
\begin{gather}
\cancel{P}(\operatorname{sen}\alpha +\mu \cos \alpha)=2\,\cancel{P}\,(\operatorname{sen}\alpha -\mu \cos \alpha)\\[5pt]
\operatorname{sen}\alpha +\mu \cos \alpha=2\,(\,\operatorname{sen}\alpha -\mu \cos \alpha \,) \\[5pt]
\operatorname{sen}\alpha+\mu \cos \alpha =2\,\operatorname{sen}\alpha -2\,\mu \cos \alpha \\[5pt]
\mu \cos \alpha +2\,\mu \cos \alpha =2\,\operatorname{sen}\alpha -\operatorname{sen}\alpha \\[5pt]
3\,\mu \cos \alpha =\operatorname{sen}\alpha \\[5pt]
\mu=\frac{1}{3}\,\frac{\operatorname{sen}\alpha }{\cos \alpha }
\end{gather}
\]
Lembrando da Trigonometria
\( \operatorname{tg}\alpha =\frac{\operatorname{sen}\alpha }{\cos \alpha } \)
\[
\begin{gather}
\bbox[#FFCCCC,10px]
{\mu =\frac{1}{3}\,\operatorname{tg}\alpha}
\end{gather}
\]